RESUMOS DOS TRABALHOS
III SECIRI
GT 1 – Expressões
urbanas, estilos de vida e identidades.
DE CHAUFFEUR A TAXISTA: CIDADE, TRÂNSITO E
ENGENHARIA SOCIAL
JUNIOR,
Edmundo Fonseca Machado (UFBA)
A
relação taxista/cidade em Salvador nos leva a acreditar que este grupo
profissional por sua função de garantir a mobilidade constitui, com o passar do
tempo, em seus pontos fixos ou trajetos que percorrem, associações e variados
sentimentos com a cidade. É como se cada taxista possuísse um “GPS”
sociogeográfico programado, de acordo ao quadro mental e físico que estes
configuram e reconfiguram, através do exercício de suas memórias e pelo
conhecimento compartilhado da cidade com seus passageiros. Essa experiência
diária na rua, no trânsito, é a característica fundamental de seu estilo de
vida. Em movimento pela cidade os taxistas oscilam entre ser espectador ou
protagonistas de diversificadas situações urbanas. O artigo segue investigando
em paralelo, a emergência desse grupo na capital baiana, que alugavam seus
carros de praça no século XX, ao mesmo tempo em que ocorriam as intervenções
que remodelaram e tornaram moderna a capital baiana durante o primeiro governo
de J. J. Seabra (1912 – 1916).
A REINVENÇÃO DO MARACATU EM ALAGOAS NO SÉCULO
XXI
CASADO
DE LIMA, Carlos Eduardo Ávila (UFS)
O
Maracatu, manifestação de cultura popular, é constituído de origem Banto,
manifesta sua negritude nas festas públicas e populares, principalmente o carnaval.
Em Alagoas existiu no início do século XX e reaparece no século XIX se
reinventando por completo, aos moldes do conceito de tradição de Eric Hobsbawm.
Novos grupos, novas formas de
organização, significados, conceitos de tradição e identidade reaparecem nesta
reinvenção. Percebida pela comunidade como uma nova tradição da cultura local.
Esse momento de reinvenção é capitaneado pelos seguintes grupos no Novo
Maracatu Alagoano: Maracatu Baque Alagoano, Coletivo AfroCaeté, Maracatu Nação
A Corte de Airá e Maracatu Nação Abassá de Angola. A circularidade cultural,
tal quais as ideias de Néstor Canclini, é característica do encontro de classes
e grupos sociais diferentes no processo de reinvenção.
HIP HOP E ESPAÇO PÚBLICO: O EXEMPLO DA
PRAÇA SANTA TEREZA EM MACEIÓ
SANTOS, Sérgio da Silva (UFS)
O presente trabalho tem a proposta de realizar uma
reflexão em torno da Praça Santa Tereza como um lugar e espaço público
utilizado por alguns atores pertencentes à cultura Hip Hop em Maceió. Sendo assim, realizamos
algumas reflexões em torno de dois eventos que aconteceram nessa praça para
duas atividades especificas. A primeira
realizada em abril de 2012 em que foram desenvolvidas atividades ligadas ao Rap
e ao Break; e a segunda, em dezembro 2012, em que foram desenvolvidas atividades
exclusivamente ligadas ao Break. Nesse sentido, nos propomos a realizar
reflexões sobre a ocupação do espaço, as disputas pelo lugar e luta por
reconhecimento. Para nortear as discussões utilizamos algumas categorias
analíticas como, por exemplo, cultura urbana, espaço público e conflito, tendo o
Hip Hop como objeto das observações.
GRAFITE: UMA ANÁLISE ESTÉTICA E DISCURSIVA
DA REPRESENTAÇÃO AFRODESCENDENTE
JESUS,
Priscila Maria de (UFS) e JESUS,
Cristiane Margarete de (UFS)
O presente artigo consiste em um estudo discursivo e
estético de grafites com representação afrodescendente presentes nas cidades de
Salvador e Aracaju, coletados entre os anos de 2006 a 2013. O grafite, além
de um intervenção estética e artística nas cidades contemporâneas, pode ser
visto como uma intervenção social e, em alguns casos, como objeto de
transgressão. Por meio da vertente da Análise do Discurso, a pesquisa busca
analisar as construções linguísticas e a consolidação do discurso de denúncia
nas frases presentes nos grafites nas paredes das cidades de Salvador e de
Aracaju, que acompanha o caráter efêmero das cidades contemporâneas e hábitos
diários de seus transeuntes. A partir dessa análise, o artigo busca entender e
analisar essas produções e sua distribuição pelas paredes das cidades enquanto
grandes exposições a céu aberto, um grande museu de percurso, demarcado pelas
intervenções urbanas e que tem como seu público os transeuntes.
A GALERA DA
CATEDRAL: REPRESENTAÇÕES DE UM ESTILO DE VIDA UNDERGROUND
SILVA,
Williams Souza (UFS)
O presente artigo busca compreender o processo de
legitimação do estilo de vida underground,
reivindicado por um grupo de jovens frequentadores noturnos das escadarias da
Catedral Metropolitana de Aracaju. A estratégia metodológica usada para o
desenvolvimento do presente artigo foi o acompanhamento das vivências
cotidianas do grupo, através da observação participante. A concepção de desvio
a qual enquadramos o estilo de vida underground
do referido grupo é a de outsiders, de
Becker. Tal noção refere-se aqueles grupos que não seguem regras estabelecidas,
contrariando aqueles que possuem o poder de classificar.
VIAGEM COMO
PRÁTICA DE LAZER: UM ESTUDO SOBRE OS PASSEIOS, EXCURSÕES E PIQUENIQUES
REALIZADOS POR MORADORES DAS PERIFERIAS DO RECIFE
LEAL,
Rosana Eduardo da Silva (UFS/UFPE)
A finalidade deste trabalho é refletir sobre o processo
de produção, comercialização e consumo de passeios, piqueniques e excursões nas
periferias do Recife. Trata-se de um recorte da tese de doutorado apresentada
no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de
Pernambuco, que foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica e de campo,
servindo-se do método etnográfico, com o uso da observação participante e entrevista.
Diante do exposto, identificamos que tais deslocamentos são capazes de
evidenciar estilos de vida, habitus de classe, formas de sociabilidade
e trocas econômicas, tornando-se um importante campo para se pensar e analisar
a sociedade. Trata-se de um conjunto de trajetos que viabiliza formas de
diversão e interação social capaz de construir e reafirmar vínculos sociais,
bem como promover o contato e a experiência de visitar novos lugares.
GT 2 - Comunidades
tradicionais e produção de sentido na sociedade contemporânea
TURISMO E ENDOMARKETING NO MUNICÍPIO DA
BAIA DA TRAIÇÃO/PB
PAES, Taís Alexandre Antunes
(UFS)
Este trabalho visa estudar a relação do endomarketing, na
comunidade da Baía da Traição, com a atividade turística no município. O município
da Baía da Traição no estado da Paraíba desperta o interesse dos visitantes
pelas suas belas praias e atrativos históricos. Uma das suas principais
riquezas histórico-cultural está relacionada à forte presença de tribos
indígenas na região, o qual se constitui em um dos fatores de atração para os
turistas. Para que o turismo não venha a trazer prejuízos para a Baía da
Traição, é de grande importância o estabelecimento de estratégias de
endomarketing no município, motivando e incentivando a comunidade (público
interno) a unir-se perante as decisões tomadas para com o turismo. A pesquisa
faz uso dos métodos dedutivos e descritivos com a aplicação de questionários
com vários representantes institucionais da iniciativa pública, privada, ONGs e
lideranças indígenas, que estão relacionados direta ou indiretamente a
atividade turística. A seleção foi feita através da amostragem
não-probabilística por cotas. Os questionários aplicados foram estruturados em
quatro blocos abrangendo itens relacionados à: identificação dos entrevistados;
turismo e endomarketing; turismo e tradições indígenas; meio ambiente. Além dos
dados obtidos, através da aplicação dos questionários, também foram realizadas
pesquisas bibliográficas A análise das respostas demonstrou divergências de
percepções e opiniões entre os entrevistados, ausência de diálogo entre o
governo e a população, conflitos políticos e culturais e carência de
infra-estrutura adequada para receber um grande fluxo de turistas. Concluiu-se
que a comunidade ainda não possui estratégias de endomarketing claras e bem
definidas, e que os valores e tradições, em particular, dos indígenas, estão
sendo transformados pela influência do turismo e da modernidade. Entretanto, há
preocupações com a preservação de sua cultura e tradições e detectou-se
elementos favoráveis ao exercício das atividades do endomarketing turístico.
AS MUDANÇAS
CULTURAIS OBSERVADAS PELAS CERAMISTAS DE PASSAGEM DE PEDRA NO CARIRI CEARENSE
QUEIROZ, Luiz Antonio Pacheco de
(UFS)
No sul do Ceará, ceramistas da localidade rural de
Passagem de Pedra vivenciam as dificuldades de manter sua produção cerâmica. Há
pelo menos três gerações a comunidade em questão compartilha conhecimentos com
a exploração equilibrada dos recursos naturais. O trabalho artesanal mantem a
comercialização dos vasilhames utilitários no Cariri cearense. A documentação
etnoarqueológica realizada entre 2008 e 2011 forneceu informações para o
entendimento dos significados das mudanças culturais em Passagem de Pedra.
Transformações oriundas da economia mundial têm afetado o cotidiano da
comunidade. O impacto é sentido intensamente pelas pessoas que atuam na
produção cerâmica e que contam o tempo a partir de sua atividade laboral. Elas
perderam as perspectivas de dar continuidade à produção oleira que dera
visibilidade ao lugar. As particularidades do seu ofício estão num processo
inexorável de desaparição. Este é um exemplo de trajetória que impossibilita a
participação de comunidades tradicionais na construção de uma sociedade mais
justa.
MEMÓRIA E PERTENCIMENTO: A IMPORTÂNCIA
DO GRUPO NA CONSTITUIÇÃO DE VALORES CAMPONESES
FERREIRA, Karoline Coelho (UFS)
Os estudos a respeito do campesinato apontam que muitos
grupos campesinos têm conseguido resistir às alterações provocadas pelo contato
com a sociedade envolvente - a luta pela reforma agrária e o surgimento dos
assentamentos rurais são experiências concretas disso. Pôde ser observada, em
assentamentos rurais de Sergipe, a implementação do método “Camponês a
camponês”, envolvendo camponeses em intercâmbios, com o objetivo de trocar
experiências que supram suas demandas cotidianas, com soluções proporcionadas
por experiências entre seus pares, que partilham da mesma realidade, visando
que se constitua aos poucos uma relativa autonomia nas formas de produção e
organização do trabalho baseados no conhecimento camponês local. A observação
da primeira etapa de implementação deste método, apontou para importância das
relações de reciprocidade construídas no decorrer destas. Buscou-se então, por
intermédio do estudo da memória, atentar para a construção de estratégias de
reprodução camponesa, sociabilizadas nos intercâmbios.
O CAMPONÊS E O SEU PROTAGONISMO:EXEMPLO DO MST E A SUA
LUTA PELA PERMANÊNCIA E GARANTIA DE QUALIDADE DE VIDA NOS ASSENTAMENTOS DE
REFORMA AGRÁRIA DO MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA- SE
JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo
de (UFS)
O presente trabalho é resultado de meu trabalho de
conclusão de curso em ciências sociais bacharelado. É importante destacar que,
esse trabalho tinha como foco a questão dos direitos sociais e a categoria
qualidade de vida em nove assentamentos rurais do município de Nossa Senhora da
Glória no estado de Sergipe. A pesquisa-ação, a partir da realização de grupos
focais, em conjunto com observações diretas e participantes, foram as formas de
desenvolvimento de nosso trabalho de campo. Este trabalho tem a pretensão de
contribuir para o conhecimento de um grupo social importante na história da
luta pela terra, enquanto um direito social. Trata-se do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST), ademais apresentar as (novas) dinâmicas de
protagonismo do MST na busca pela implementação de direitos sociais em seus
respectivos assentamentos, bem como a luta pela garantia de sua permanência,
preservação e manutenção de seu modo de viver camponês.
COMUNIDADE FILU NUMA PERSPECTIVA CONTEPORÂNEA: “PASSADO,
PRESENTE E FUTURO”
SILVA, Sandreana de Melo (UFS)
Meu campo de pesquisa é a comunidade remanescente
quilombola Filú, localizada no município de Santana do Mundaú-Alagoas, que vive
da agricultura de subsistência, tendo o milho, o feijão, a mandioca e a banana
prata como sua principal fonte comercial. Outra
renda está relacionada a aposentadoria dos mais velhos e a bolsa escola,
recebida por algumas crianças. Meu objetivo de pesquisa tem como base o
alto índice de albinismo, doença genética, existente na comunidade. Guiando-me pela hipótese de que a principal
causa está relacionada ao elevado número de casamento endogâmico, que se
perpetua há várias décadas no grupo, analiso o matrimônio parental também como consequência de um longo período de exclusão social e racial, não apenas como
uma escolha interna, mas pela inexistência de interação social entre a
comunidade e seus vizinhos; pois conforme o discurso dos próprios moradores
havia certa segregação.
UM ESTUDO SOBRE
A RELAÇÃO ENTRE VISITANTES E VISITADOS NA ALDEIA XOKÓ-SE
CARDOSO, Gisélia de Souza (UFS)
A cada ano a comunidade indígena Xokó, localizada em
Porto da Folha-SE, tem recebido um intenso fluxo de estudantes e pesquisadores
interessados em conhecer os modos de vida da aldeia. Para compreender tal
realidade, o estudo buscou entender como tem ocorrido o recebimento destes
grupos e como se dá a relação entre visitantes e visitados, por meio da
pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, observação direta, entrevistas e
aplicação de questionários. Diante do estudo, identificou-se que a presença de
visitantes no território Xokó constitui-se como uma forma de resgatar e
expandir a cultura do grupo diante da sociedade mais ampla. Trata-se também de
uma maneira de reafirmarem-se como protagonistas de seus costumes e práticas
cotidianas, possibilitando que a identidade Xokó torne-se fonte de intercâmbio
e conhecimento histórico, ambiental, social e cultural.
VAMOS
NAVEGAR! A CONSTRUÇÃO ARTESANAL DE CANOAS NA CIDADE DE PÃO DE AÇÚCAR: ARTE E
TRADICÃO PELAS MÃOS DOS MESTRES FAZEDORES DE CANOAS.
SILVA, Igor Luiz Rodrigues da (UFS)
Este trabalho procura analisar, dentro das limitações de
um artigo, a construção social dos mestres fazedores de canoas, situados na
cidade de Pão de Açúcar, no lado alagoano do rio São Francisco, tendo como
marco teórico a arte da mestrança, o saber-fazer patrimonial e a perpetuação
das tradições. A mestrança é praticada porque sistematiza o conhecimento, sendo
o fundamento da realização do trabalho na condução das práticas sociais, nunca
deixando de lado a valorização e exaltação do segredo. Para tal, é necessário
entender também, como esses homens dotados de sabedoria e destreza articulam as
suas praticas com os fatores ambientais, sociais e culturais, que interferem
diretamente nas relações a apropriação do espaço e revalidam a perpetuação das
tradicionais.
O COTIDIANO DAS MARISQUEIRAS DO POVOADO CRASTO-SANTA
LUZIA DO ITANHY/SE
GRAÇA, Alessandra Santos da (UFS)
Esse trabalho busca apresentar o cotidiano das
marisqueiras do povoado Crasto, em Santa Luzia do Itanhy/SE, localizado na
comunidade Quilombola Luziense. A partir das narrativas referentes às suas
praticas cotidianas, elas provavelmente revelaram a maneira como percebem sua
existência e sua organização social, e como se relacionam com a reprodução
socioambiental expressa em seus saberes e fazeres da pesca. Ou seja, a maneira
como elas imaginam o tempo e espaço pesqueiro estão relacionadas com suas
representações da realidade.
PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA:
PROCESSOS IDENTITÁRIOS E RELAÇÕES DE PODER
SOUZA,Claydivan
Wesley dos S. (UFS)
Este trabalho tem como objetivo compreender, à luz do processo de institucionalização e
gestão do Parque Nacional Serra de Itabaiana, as relações de poder e suas
consequências, contidas na relação “Parque-comunidade” (gestores-agricultores
familiares). A hipótese que aqui
levantamos é a seguinte: No processo de criação e gestão do Parque Nacional
Serra de Itabaiana, a ênfase na preservação do ambiente físico superou a
preocupação com a forma como os agricultores se mantêm dentro de uma
organização social intrinsecamente ligada aos recursos naturais advindos da
Serra. Dessa forma, aspectos simbólicos como: religião e cultura local, bem
como o sentido de pertencer a este lugar foram negligenciados ocasionando uma
série de entraves na dinâmica social desses agricultores. Para tanto, este
trabalho se valeu de uma metodologia
qualitativa, devido à complexidade do objeto em análise. Utilizamos
como procedimentos a observação participante e entrevistas com os atores
envolvidos na trama (agricultores familiares e gestores do Parque). O Parque
Nacional Serra de Itabaiana está localizado no agreste sergipano e possui uma
área de aproximadamente 7.988
hectares, que se estende entre os municípios de Areia
Branca, Campo do Brito, Itabaiana, Itaporanga D’Ajuda e Laranjeiras, no Estado
de Sergipe.
GT 03 – Relações raciais e retóricas de
identidade
O fenômeno da judicialização da
religiosidade afro-brasileira no estado de Sergipe.
SANTANA, João Víctor Pinto (UNIT)
A crítica de convicções e dogmas é garantida pela
Constituição Federal, através da liberdade de expressão, entretanto, é preciso
destacar que a conduta agressiva e o tratamento diferenciado em virtude da
crença religiosa configuram-se como intolerância, que consiste em ser um crime
inafiançável e imprescritível. Constata-se que atualmente é crescente o número
de casos de intolerância contra religiões de matriz africana e, como
consequência disto, uma busca do Judiciário para se posicionar diante de tal
temática e, com isso, evidencia-se, hodiernamente, que a judicialização dos
casos relacionados à intolerância religiosa ainda possui muita dificuldade no
cenário jurídico atual, tendo em vista que diversos fatores dificultam a
tipificação de tal crime, como por exemplo: a cultura do racimo ainda
intrínseca na sociedade, a hegemonia de algumas religiões que fomentam a
vitimização das religiões afro-brasileiras, e a origem histórica de formação e
proteção jurídico-constitucional da liberdade religiosa. O preconceito e a
discriminação relacionados às religiões afro-brasileiras que estão intrinsecamente
inseridos na sociedade acabam, consequentemente, refletindo e interferindo na
forma como o Poder Judiciário se posiciona diante de tal temática e geram
decisões judiciais problemáticas para o exercício dessas religiões. No Estado
de Sergipe, essa delicada realidade jurídico-social não configura-se de forma
diferente, pois, contemporaneamente, um caso emblemático de intolerância
religiosa foi verificado no sistema jurídico local (TJ/SE) que fora instaurado
para apurar uma possível infração de perturbação do sossego alheio teve como
objetivo proibir o funcionamento do referido templo. A judicialização da
religiosidade afro-brasileira surge através das manifestações dos tribunais
sobre a amplitude e a caracterização do direito ao livre culto e crença e do
direito à preservação da cultura afro-brasileira, especialmente quando estes
estão em colisão com outros direitos fundamentais. Portanto, considerando que
tem sido o judiciário uma importante instância de consolidação das políticas
públicas no Brasil, o estudo deste novo campo de atuação judicial. O presente
estudo é de fundamental relevância, principalmente, neste momento em que
políticas de ação afirmativa vêm sendo reconhecidas como cruciais para o
aprofundamento da democracia brasileira e para a inclusão da população negra e
para a consolidação do Estado Democrático de Direito.
A judicialização das religiões de matriz
africana no Brasil: os caminhos da liberdade religiosa diante da intolerância
CALDAS, Kelly Helena Santos;
OLIVEIRA, Ilzver Matos (UNIT/SE e PUC/RIO)
A escolha religiosa representa a subjetividade e a
exteriorização das diversas formas de relação entre o homem e a divindade, ou
seja, um direito sobre-humano e espiritual, e não apenas uma mera concessão
estatal. Em âmbito nacional, a elevação da liberdade religiosa ao status de direito humano fundamental
somente materializou-se com o advento da Constituição Federal de 1988, ao
estatuir a liberdade de consciência, de culto e de crença como mandamentos
essenciais a todo e qualquer cidadão. Ocorre que, apesar do aparato
constitucional e infraconstitucional de proteção e tutela do direito à livre
escolha, consciência e manifestação da religiosidade, ainda é visível cenas de
intolerância e violência no campo religioso, principalmente em desfavor das
religiões afro-brasileiras, uma das mais afetadas em razão do histórico
escravocrata e ainda racista existente em nossa sociedade. Diante desta
realidade é possível observar um processo de construção da judicialização das
religiões afro-brasileiras, a partir de como se dá o enfrentamento dos
magistrados diante do sensível e sinuoso conflito entre o direito fundamental à
liberdade afro-religiosa e aos outros direitos igualmente constitucionalizados,
tais como: o sossego público e a proteção dos animais, dilema que demonstra a
importância de compreender, sob o ponto de vista das ciências jurídicas, os
mecanismos adotados pelos juízes brasileiros e, especialmente sergipanos, na
solução de tamanha problemática.
Identidade e cultura afro-sergipana: uma análise a partir
da festa da lavagem da conceição em Aracaju/SE.
SANTOS, Lumara Cristina Martins
(UFRB)
Nos anos 80, desfrutando das ações precedentes da
liberação de manifestações religiosas e da ascensão do debate de identidade,
consequentemente identidade afro-religiosa (SILVA & AMARAL, 1996), um grupo
de estudantes ao se verem na obrigação de pagar uma promessa feita ao orixá
Oxum por ter lhes agraciado passar no vestibular, idealizaram a Lavagem da
Conceição de Aracaju/SE. Esta festividade foi instituída em 1982 e
caracteriza-se como uma manifestação cultural de caráter híbrido que combina
práticas e símbolos das religiões afro-brasileiras e do catolicismo. Tendo o
seu surgimento ocorrido a partir de uma promessa feita por um grupo de oito
estudantes que iam concorrer, através do vestibular, a vagas na Universidade
Federal da Bahia - UFBA. A promessa se constituía em realizar a lavagem das
escadarias da catedral de Aracaju, pois essa é a igreja de Nossa Senhora da
Conceição, padroeira da cidade, e de acordo com o sincretismo afro-católico a
santa é correlacionada ao orixá Oxum. Nesse sentido, a festa em análise contém
aspectos em que a construção e a apropriação dos espaços públicos delineiam a
produção, reprodução e transformações do evento festivo. Atualmente, a busca
pela legitimidade do evento inclui e exclui os detentores ou não de um capital
religioso que colocam em questão identidades locais em tensão.
Ações Afirmativas
e meritocracia: o desempenho dos alunos cotistas na universidade federal de
Sergipe no primeiro ano do PAAF/UFS
CARVALHO, José Lucas Santos; OLIVEIRA, Ilzver de Matos (UNIT/SE PUC/RIO)
As políticas de ação afirmativa e seus respectivos
mecanismos de implementação, especialmente no campo da educação pública
superior brasileira, colocaram na pauta de discussão do Brasil contemporâneo a
questão da desigualdade de ensino e do preconceito étnico-racial. Esta nova
demanda por efetividade dos direitos sociais, no caso, o direito à educação, é
uma das principais características das democracias presentes como o Brasil. Em
Sergipe, o Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Sergipe –
PAAF/UFS foi implantado em 2009, e conta com uma Comissão responsável pela
implantação do programa, acompanhamento e permanência dos discentes. A dita
Comissão também ficou responsável pela constituição de uma política de
acompanhamento da inserção sócio-profissional dos alunos cotistas da
universidade. Em relação ao desempenho acadêmico dos alunos cotistas e não
cotistas da Universidade, a Comissão do PAAF/UFS emite relatórios anuais sobre
o desempenho dos alunos, haja vista que, dentre os argumentos contrários às
ações afirmativas encontrava-se o de que o modelo rebaixaria o nível
educacional e que os alunos cotistas não conseguiriam acompanhar o desempenho
dos não cotistas. Assim, é deste cenário que emerge a importância de pesquisar
como a constitucionalização das ações afirmativas no Ensino Superior é
vivenciada na realidade sergipana, uma vez que tanto a sociedade local quanto a
comunidade acadêmica se dividem em opiniões favoráveis e contrárias a esta
política pública. Desse modo, utilizando-se de pesquisa bibliográfica e
documental de abordagem qualitativa e quantitativa como método, pesquisamos o
desempenho dos alunos cotistas e não cotistas da UFS no primeiro ano de
implantação do sistema de cotas a partir dos relatórios produzidos pela
supracitada Comissão. Para atender aos objetivos propostos, pesquisamos o
processo de sistematização e estruturação do PAAF/UFS, os debates e reflexões
que proporcionaram a sua criação e as pesquisas desenvolvidas pela Comissão
responsável por implantar o Programa, além dos seus principais aspectos e
regras, em seguida, passamos ao estudo dos dados obtidos.
Ações
afirmativas: relações sociais e representações dos alunos cotistas da
universidade federal de Sergipe
JESUS, Mayara Oliveira de (UFS) e GARCIA, José Alison
Nascimento (UFS)
O objetivo deste trabalho foi concebido com o escopo de
analisar quantitativamente e qualitativamente os jovens que ingressaram na
Universidade Federal de Sergipe através das Ações Afirmativas, tendo em foco
suas representações sociais antes e depois desse ingresso. O trabalho em
questão se concentra na perspectiva da análise sobre os jovens universitários
oriundos do ensino médio público e as mudanças ocorridas após essa entrada. O
caráter fundamental da pesquisa se baseia em alunos cotistas entendendo como
eles estão se representando nesse novo momento. Para tanto, a realização desse
trabalho se concentra no quesito referente à autodefinição de cor dos
entrevistados na tentativa de perceber como estes atores recebem a aplicação
das políticas de cotas, bem como, analisar se estas Ações são determinantes ou
não nas relações sociais dentro da Universidade Federal de Sergipe.
A condição da
raça e os seus desdobramentos: um olhar sobre as políticas de cotas na
universidade federal de Sergipe
ASSIS, Yérsia Souza de (UFS)
Este trabalho tem por finalidade, fazer um debate sobre
como a raça é um elemento condicionante nas relações sociais no Brasil.
Pensando, especialmente no contexto universitário público, este trabalho
pretende entender como são formatadas as narrativas dos estudantes que
utilizaram o sistema de reserva de vagas na sua modalidade cota racial.
Buscando inspiração reflexiva nos debates que estão sendo feitos nas Ciências
Sociais, sobretudo na Antropologia, busco ancorar as balizes de analise da
pesquisa. Além dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos em cima da temática
Cotas na Universidade Federal de Sergipe (UFS) (NEVES, 2012; MARCON, 2010;
MARCON e SUBRINHO, 2010). Além desse fato, amparo-me na minha pesquisa
monográfica de caráter quantitativo acerca das cotas na UFS realizada no ano de
2011 e que teve como recurso empírico os dados obtidos através da CCV (Comissão
de Concurso Vestibular) das primeiras turmas ingressantes na modalidade cota. A
UFS continua a ser meu espaço de investigação. Desta forma, objetivamente o
trabalho almeja entender a condição da raça enquanto fator condicionante
presente na narrativa de estudantes cotistas raciais e os implicativos dessa
questão.
A arquitetura
da participação racial-institucional no estado de Sergipe
COSTA, Aline Ferreira da Silva (UFS)
Este paper consiste num primeiro esforço de
apresentação e discussão de dados de uma pesquisa em curso a cerca da
emergência de militantes negros nas esferas institucionais de governo. Diante
disso, apresentaremos aqui dados preliminares das condições de emergência de
lideranças negras nos espaços de governo, no Estado de Sergipe, destacado a
arquitetura de participação institucional, a atuação dos sujeitos envolvidos na
participação e os resultados práticos das ações desenvolvidas. Com esta
discussão, pretendemos refletir sobre as ações desenvolvidas no Estado de
Sergipe para consolidar o que os governos de esquerda vêm defendendo como
implantação e consolidação da “democracia participativa”. O objetivo é refletir
quais são as condições que os atores sociais escolhidos para participarem das
esferas institucionais têm, analisando quais são os espaços de abertura do
Estado e como isso tem reverberado (ou não) na realização da chamada política
de desenvolvimento étnico-racial.
GT 4 - Espaços religiosos, formas de expressão, festa e
poder.
A CONSTRUÇÃO DO SÃO JOÃO DE PAZ E AMOR EM AREIA BRANCA/SE:
FESTA E IDENTIDADE.
ARAÚJO,
Liana Matos (UFS)
Este trabalho tem como objetivo analisar o São João de
Paz e Amor, uma das principais festas do ciclo junino do Estado de Sergipe, que
acontece no município de Areia Branca. Com base em arquivos públicos,
entrevistas e pesquisa bibliográfica, descreve-se a participação dos moradores
e do poder público no processo de transformação de uma festa local e
comunitária em evento comercial, político e turístico na década de 80 e 90. A construção de uma
identidade festiva associada à não-violência, à ausência de fogos e, sobretudo,
ao amor, tornou-se o sinal diacrítico dos festejos de Areia Branca no universo
das festas juninas da Região Nordeste. Portanto, a análise da construção do São
João de Paz e Amor e de sua identidade festiva Paz e Amor se fazem importante
na compreensão sobre a urbanização dos festejos juninos do estado.
ETNOGRAFIA DO PENSAMENTO INTELECTUAL E O ENCONTRO
CULTURAL DE LARANJEIRAS.
CRUZ, Jackeline Fernandes da (UFS)
O presente trabalho tem a pretensão de apresentar um
esboço sobre uma etnografia do pensamento intelectual brasileiro acerca do
folclore e seus desdobramentos no Estado de Sergipe, resultando, entre outros
aspectos, na criação do Encontro Cultural de Laranjeiras. O "movimento
folclórico" abarca um conjunto de iniciativas de um seleto grupo de
intelectuais que ambicionavam o reconhecimento do folclore enquanto
conhecimento científico. A organização de eventos, seminários, congressos e
festas folclóricas se ramificou em vários Estados do país graças, inicialmente, à
Comissão Nacional de Folclore (CNFL), órgão executivo vinculado ao Ministério
da Educação. O Encontro Cultural de Laranjeiras, sem dúvidas, representa um
traço do movimento missionário promovido por intelectuais defensores do
folclore, sobretudo, a partir da década de 60. Para desenvolver o trabalho foi
feito uma pesquisa bibliográfica de autores relacionados ao tema.
UMA BABILÔNIA CHAMADA ALAGOAS: CULTURA
RASTAFÁRI EM MACEIÓ E
UNIÃO DOS PALMARES
SANTOS, David José Silva (UFBA)
Este trabalho tem por objetivo principal realizar uma
discussão sobre como a cultura Rastafári se apresenta em Maceió e União dos
Palmares. Nas referidas cidades essa cultura se tornou conhecida através do
reggae. Este por sua vez teve início nas periferias, tocado primeiro nas sedes
dos clubes de bairros e posteriormente em discotecas. Rapidamente,
esse estilo musical se tornou muito popular, surgindo também programas de rádio
exclusivamente de reggae e a formação das primeiras bandas. De algumas dessas
bandas, em Maceió, surgiram os primeiros rastas que vivenciam o Rastafári de
uma maneira própria, não compondo nenhuma casa Rastafári. Em União dos Palmares,
a imersão na Cultura Rastafári ocorreu de forma diferente de Maceió, uma vez
que o líder da Banda Comunidade Quilombola se despertou como Rastafári em São Paulo, quando teve
contado com alguns rastas da Casa de Menelick.
Por uma história
da umbanda Cearense em
Caucaia e Fortaleza nas últimas décadas
ARAÚJO,
Sheilla Sousa (UFCE)
A história no seu sentido amplo trata-se de uma tarefa
além da possiblidades deste artigo. Falar sobre a Umbanda é um tema importante
na Formação Cultural do Ceará e do nordeste, entretanto passível de muitos
preconceitos sociais e controvérsias acadêmicas. Neste artigo abordamos o tema
sob o enfoque da historia oral e da autobiografia elencando uma constelação de
histórias da umbanda cearense. A umbanda é uma religião múltipla, que sofreu
várias influências de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo de
Kardec, a pajelança e o candomblé africano. As versões e linhas são várias
sendo que os lugares geográficos determinam algumas característica ou
diferenças de trabalhos ritualísticos e da expressão da fé. Então dissertamos aqui sobre o que é, em
nosso conceito, a Umbanda. Entre os praticantes da Umbanda é dito que há muitos
escritores que registraram a história antes de 1980, mas são poucos os que
falam do tempo presente. Assim se justifica este trabalho como enfoque nos
últimos 20 anos.
A COR DA
ORAÇÃO: AS PRÁTICAS DA IRMANDADE DE SÃO BENEDITO NA CIDADE DE ARACAJU-SE NA
ATUALIDADE
JUNIOR, João Mouzart de Oliveira (UFS)
Em Sergipe é possível encontrar inúmeras manifestações
religiosas. A identificação, o registro
e a problematização das fontes referentes às irmandades católicas, permite a
compreensão das manifestações religiosas e da espiritualidade no estado de
Sergipe. A análise das fontes como estatutos e registros pós-morte permite,
ainda, compreender como os espaços de devoção e ritualização da fé inventavam o
social e cultural dentro das confrarias. As irmandades nos indicam chaves de
leitura relevantes para pensarmos o papel da religiosidade tradicional, informando
sobre suas sociabilidades e como manifestação de uma fé desenha laços
identitários entre grupos. Nos limites desse texto, de uma pesquisa em
sua fase inicial, propomos apontar para as chaves de leitura que a documentação
investigada até agora nos apresenta, oportunamente tomando como referência a
irmandade de São Benedito, na cidade de Aracaju.
REZADEIRAS DE FREI PAULO: OS RAMOS E A FÉ A SERVIÇO DA CURA
OLIVEIRA, José Erivaldo Simões de (UFS)
Esse trabalho tem como objetivo principal analisar e
descrever antropologicamente as práticas de curas exercidas pelas rezadeiras na
cidade de Frei Paulo, município do agreste sergipano, tendo como intuito trazer
à tona como esse grupo religioso, que faz parte do catolicismo popular, tece
suas experiências consideradas mágicas dentro da sociedade e, ao mesmo tempo, consegue
ser aceito ou legitimado, em um ambiente disputado religiosamente por tantos
agentes do sagrado. Para isso, realizamos em campo o registro da oralidade de
tais religiosas e, além disso, fizemos o levantamento bibliográfico de autores
clássicos e contemporâneos da antropologia sobre o tema.
ÍCONES DE CURA E FÉ:
AS PROMESSAS DA IGREJA SENHOS DOS PASSOS EM SÃO CRISTÓVÃO, UM
DISCURSO SOBRE A DOENÇA
PEREIRA, Lúcia Maria.
Este
trabalho é parte de um estudo etnográfico feito entre 2008 e 2012, das promessas
de São Cristóvão – palavras e coisas – depositadas pelos romeiros devotos do
Senhor dos Passos durante a procissão, que ocorre no segundo fim de semana da
quaresma, sendo essas promessas uma forma de pagamento por curas alcançadas ou
desejadas. A pesquisa é resultante da ação de reorganização desses objetos
sagrados no novo espaço, no final do ano de 2008. O objetivo fundamental deste
estudo é identificar, quantificar, classificar e analisar a relação dos objetos
sagrados a partir da relação com a saúde\doença. A procissão é compreendida
como rito ascético a partir da concepção durkheimeana de crenças, ritos e
representações e os objetos sagrados – as promessas (ex-votos) e os bilhetes –
são abordados como signos de cura\fé e classificados como ícones, índices e
símbolos segundo a semiótica peirceana. Esta perspectiva permitiu ler, ver e
ouvir os enunciados sobre a doença a partir do doente – o discurso sobre a
doença – um itinerário etiológico proposto por Laplantine, que ajudou a
identificar as diferentes respostas para o “porquê” da doença entre os romeiros
através de suas falas identificando seus múltiplos sentidos. A visão abrangente
e totalizante da doença caracteriza essas práticas de cura mágico-religiosas
como uma posição marginal à medicina científica oficial, individualizada e
focada na terapêutica medicamentosa e cirúrgica.
GT 5 - Estudos
culturais e a pesquisa em suas múltiplas possibilidades.
UMA ANÁLISE DAS MEMÓRIAS DO CANGAÇO NA “DANÇA DE CABRA
MACHO”.
SOUZA,
Jéssica da Silva (UFS)
O cangaço é temática recorrente em diversas áreas. É
notório atualmente, principalmente em solo nordestino, uma nítida apropriação
das memórias que se têm do cangaço de várias maneiras e com diversos fins. No
caso deste trabalho, discorreremos acerca da apropriação das memórias do
cangaço através do xaxado, a “dança de cabra macho”, que teria surgido dentro
dos bandos de cangaceiros. Através da metodologia da História Oral e análise
semiológica de apresentações dos grupos “Cabras de Lampião”, de Serra
Talhada/PE, e “Na Pisada de Lampião”, de Poço Redondo/SE, buscamos compreender
como o xaxado tem contribuído para a formação de uma identidade e de uma certa
memória social do cangaço nos estados que representam locais de nascimento e
morte de Lampião, respectivamente.
A REPRESENTAÇÃO DE ANTÔNIO CONSELHERO NA
OBRA DE MANUEL PEDROS DAS DORES BOMBINHA “CANUDOS, HISTÓRIA EM VERSOS”.
SILVA,
Alíson Oliveira da (UFS)
O
presente trabalho tem como objetivo analisar a obra de Manuel Pedros das Dores
Bombinha “Canudos, história em versos” uma literatura histórica, escrita a
partir de memórias escolhidas dos soldados que participaram das três primeiras
expedições para a Guerra de Canudos e a memória do autor que participou da
quarta expedição, como testemunha ocular dos acontecimentos, estudando as
representações sobre Antônio Conselheiro e sua jornada santa em Canudos.
REPRESENTAÇÃO DO RACISMO À
BRASILEIRA NA LITERATURA DE CORDEL (1900 – 1940).
SANTOS, Cinthia
Roberta dos (UFAL)
O presente artigo buscará pensar as questões
étnico-raciais existentes no processo de construção do imaginário sociocultural
de homens e mulheres sertanejos no início do século XX. Para tal análise, recorremos
à literatura de cordel, prática cultural muito difundida no nordeste
brasileiro, principalmente nos meios menos urbanizados. Traçaremos um diálogo
entre história e literatura, em que, nos propomos a analisar de que maneira o
racismo à brasileira difundido pelos intelectuais do início do século XX, foi
representado dentro da literatura de cordel. Para tal, mapearemos os discursos
que constroem as representações desse imaginário sociocultural racista, como
também os mecanismos sociopolíticos de sua produção.
O CONCEITO
ETNODESIGN NA MEMÓRIA E REPRESENTAÇÃO DE ARTEFATOS AFRO-BRASILEIROS.
ALMEIDA, Anderson Diego da Silva
(UFAL)
A proposta central desse artigo é fazer uma discussão em
torno da construção do conceito do etnodesign. No Brasil, esse conceito
desenvolve-se como proposta para resgatar processos de construção estética dos
grupos étnicos indígenas, deixando de lado a produção da etnia afro-brasileira
para a história do design. A metodologia abordada se configura com levantamento
bibliográfico, midiático, imagético, análise de alguns artefatos da Coleção
Perseverança do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – IHGAL através de
catálogos pertencentes a esse museu.
ROTEIROS
TURÍSTICOS TEMÁTICOS EM
SÃO CRISTÓVÃO/SE: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E TURISMO CULTURAL
ALICERÇANDO A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA LOCAL.
ALEXANDRE,
Lilian Maria de Mesquita. (UFS) e SANTOS, Elissandra Silva (UFS)
O presente trabalho tem como objetivo propor a educação
patrimonial através do turismo cultural como uma união necessária na cidade de
São Cristóvão/SE, assim como, da necessidade de preservação, valorização e
resguardo desse patrimônio. Partimos de uma discussão à luz dos princípios da
educação patrimonial, levando-se em consideração as possibilidades de se pensar
o desenvolvimento dessa prática associada ao turismo cultural. Para atingir os
objetivos propostos foram realizadas algumas etapas de pesquisa como a
bibliográfica, entrevista, identificação de roteiros, entre outros, a fim de
apontar a importância da educação patrimonial no processo de construção da
consciência identitária e na manutenção das tradições locais. Como resultado,
foram obtidos, através das oficinas temáticas com a comunidade, indicação de
roteiros dentro da cidade, que puderam fortalecer a autoestima dos
cristovenses, pois viram seus lugares valorizados.
(HOMO)SEXUALIDADES, GÊNERO E PODER: REFLEXÕES A PARTIR
DOS ESTUDOS CULTURAIS E DA TEORIA QUEER.
SANTOS, Sérgio Lima dos (UFS)
Esta comunicação propõe algumas reflexões sobre os
estudos a respeito das (homo)sexualidades, gênero e poder. O objetivo é
apresentar as configurações dos debates teórico-metodológicos em torno das
identidades sexuais e de gênero, oriundos das teorizações feministas, assim
como à crítica interposta pelos Estudos Culturais e a Teoria Queer no tocante à
necessidade de superação das representações dicotômicas entre sexo e gênero
expressas nos processos de subjetivação. A proposta de superação reside na
necessidade de construção de um pensamento de negação às formas essencialistas
de identidades existentes nos discursos e práticas em torno das políticas de
reconhecimento na contemporaneidade.
CULTURAS JUVENIS E DISTINÇÃO: OS PROCESSOS
IDENTIFICAÇÃO NO USO DOS LUGARES DE SOCIABILIDADES NO BAIRRO SIQUEIRA CAMPOS.
ALMEIDA NETO, Mateus Antonio de (UFS)
O presente trabalho busca apresentar os dados de uma
pesquisa de campo realizada entre os anos de 2010 e 2012. Nesse sentido,
realizei diversas incursões etnográficas com o objetivo de analisar as tensões,
as práticas, o consumo, os conflitos e as experiências particulares realizadas
pelas culturas juvenis reconhecidas no Bairro Siqueira Campos, Aracaju (SE)
como a “galera do rock”, do “hip hop” e do “reggae”, que
em seu conjunto formam os “alternativos”; e os “pagodeiros” nos usos dos
lugares de lazer e sociabilidades no bairro. Busco perceber os construtos de
estilos de vida distintos. Para tal, enveredo por compreender como cada um dos
grupos percebe os “outros” e como vêem a “si mesmos”, além de analisar como
eles se caracterizam e se relacionam com os lugares no Siqueira Campos,
imprimindo sentido aos espaços.
“PAÍS DO
FORRÓ”: REINVENÇÕES E IDENTIDADES NA MUSICALIDADE SERGIPANA - UMA ABORDAGEM
PRELIMINAR
SILVA, Thiago Paulino da
(UFS)
O forró é uma manifestação musical relevante dentro do
caldeirão cultural brasileiro. Com seu ritmo dançante e característico ele se
insere numa produção simbólica mais ampla que diz muito da história e das
transformações sociais dos atores sociais que o produzem e o consomem. São aspectos que vão desde as transformações
de tradições festivas em arraiais comunitários à produção e consumo nos
espetáculos de mega-shows juninos. O presente trabalho pretende levantar uma
discussão sobre os caminhos e reinvenções do forró, percorridos por grupos sergipanos,
e sobre os processos identitários que permeiam essa manifestação
artístico-popular. A abordagem preliminar levantará questionamentos e observará
como os Estudos Culturais podem contribuir para um entendimento das dinâmicas
dessa produção simbólica.
IDENTIDADE E CULTURA NA SOCIEDADE
PÓS-MODERNA.
BEZERRA,
Daniela Moura (UFS)
As discussões em torno dos temas cultura e identidades
não são recentes e nem mesmo unívocas nas Ciências Sociais. Na segunda metade
do século XX, a proposta de pensar as relações entre o simbólico e o social,
tomando como ponto de partida as variadas manifestações da cultura, tomou
fôlego e influenciou o surgimento e desenvolvimento de algumas vertentes dessa
área do conhecimento, a exemplo dos Estudos Culturais (EC) e Pós-Colonialistas;
como também esteve presente nos debates referentes ao processo de globalização
e a difusão tecnológica. O objetivo
principal deste artigo é apresentar o projeto teórico dos Estudos Culturais,
uma vez que representa a vertente em que tal abordagem tem se destacado, e sua
relação com duas consequências da chamada sociedade pós-moderna: novas
tecnologias e o pós- colonialismo. Em um primeiro momento discutiremos a
relação cultura, identidades e os avanços tecnológicos e em seguida falaremos
sobre a identidade e diferença para os EC e pós-colonialistas.
GT 6 – Mediações
Culturais, Identidades e Relações de Poder
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO DE
IDENTIDADES
FEITOSA,
Alessandra Moreira (UFS)
O
presente trabalho tem como foco o estudo dos processos identitários resultantes
dos conflitos socioambientais decorrentes da implantação de uma Unidade de
Conservação em Sergipe, o Parque Nacional Serra de Itabaiana. A categoria
processos identitários é utilizada em substituição à de identidade na tentativa
de fugir de uma perspectiva essencialista e para demonstrar que esta é um
processo de construção onde os sujeitos se definem e se localizam em relação a
outros sujeitos, normalmente uma relação politizada e envolta em disputas. Nesse
contexto, os moradores do entorno da área de preservação se adaptam à realidade
recente adotando posturas distintas para lidar com os novos interlocutores como
os órgãos de proteção ambiental. Também
há, de certa forma, dificuldade na criação de diálogo entre comunidade e
poder público, gerando uma série de conflitos. Dessa forma, os sujeitos
constroem novas formas identitárias na tentativa de mediar tais conflitos.
O DIA DO GARI:
ESTIGMA E RECONHECIMENTO EM ARACAJU
SALES, Larissa Bomfim (UFS)
Este trabalho tem por objetivo compreender a
representação dos “garis” feita pela Prefeitura Municipal de Aracaju,
especialmente no Dia do Gari, enquanto um discurso legitimador de ideias a
respeito dos mesmos. A identidade é entendida como social, múltipla e política,
algo que se realiza num processo agonístico de identificação a partir da
alteridade. A representação feita dos garis e sua identificação de grupo são
vistas como construídas numa linha tênue, cujos critérios e referências são
híbridos, portadores de categorias distintivas reguladas tanto pelos de dentro
como pelos de fora e os referentes da representação não fazem referência a uma
imagem imediata. Assim, é situado o drama da afirmação e negação dos atributos
da discriminação nas reivindicações de reconhecimento atravessadas pelos signos
depreciativos da profissão de gari.
O TURISMO CULTURAL COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL E CIDADANIA: ANALISANDO UM ROTEIRO EDUCATIVO NO MUSEU DA GENTE
SERGIPANA.
GOMES, Mariana Selister (UFS); SANTOS, Carlos Moisés de Lima (UFS); VASCONCELOS, Cyndiane Escarlete Dias (UFS); SILVA, Hevida Aragão Silva (UFS); BRITO, Sabrina Vieira de Brito (UFS) e ANDRADE, Talita Raquel dos Santos Andrade (UFS)
O artigo analisa se o turismo cultural na comunidade
local contribui para a educação patrimonial e para a cidadania, bem como,
reflete sobre a possibilidade de o turismo atuar como um mediador cultural.
Tais reflexões partiram de uma ação inserida no Projeto de Extensão “Trilhas
Urbanas em Aracaju: os múltiplos olhares sobre a cidade” (do Núcleo de Turismo
da Universidade Federal de Sergipe). Realizou-se um roteiro ao Museu da Gente
Sergipana, acompanhado de uma oficina de educação patrimonial, com alunos de
escola pública. A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação, tendo como
técnicas de coletas de dados os questionários e a observação. Percebeu-se que
os estudantes desconheciam equipamentos culturais da cidade e não valorizavam o
patrimônio cultural local, ao passo que conheciam e valorizavam patrimônios
culturais que se tornaram hegemônicos; sendo que a ação contribuiu para
reverter esta situação. Evidenciou-se o potencial do turismo cultural em
despertar a cidadania e o pertencimento, bem como, sua responsabilidade em
atuar como mediador cultural de lógicas diversas.
DISCURSOS, POLÍTICA E CIÊNCIA NO NÚCLEO DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES SOBRE
PSICOATIVOS
ARAUJO,
Felipe Silva (UFS)
Procura-se
neste estudo observar de maneira aproximada as estratégias de atuação
discursiva de um grupo simultaneamente político e científico, o Núcleo de
Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Inicialmente um grupo presencial,
desde sua criação em 2001 o Neip cresce rapidamente e se consolida como um
espaço virtual no qual diversos pesquisadores das áreas de humanas publicam
seus estudos sobre usos psicoativos e sociedade, compartilhando de um eixo
político comum: o antiproibicionismo, ou seja, a crença, fundamentada na
ciência, de que as políticas sociais punitivas, historicamente empreendidas
contra usuários de drogas, fracassaram em suas convicções medicalizadas, e que
seria o momento de permitir às humanidades participação nas decisões políticas,
contribuindo com uma visão mais racional sobre a relação entre drogas e
sociedade.
PAULO FREIRE E
SUA PEDAGOGIA DESCOLONIZADORA NA LUTA DO SIGNO CONTRA AS REPRESENTAÇÕES
SILVA, Renato Izidoro da (UFS)
Este trabalho trata da relação teórica e conceitual entre
a concepção pedagogia da alfabetização em Paulo Freire e a
crítica semiológica do paradigma epistemológico e ideológico da representação
no Iluminismo enquanto mediação – reduplicação – absoluta e inequívoca entre a
subjetividade epistêmica da razão e o desenvolvimento do processo de colonização
na construção ideológica da Modernidade e sua imagética eurocêntrica acerca dos
nativos na condição de objetos de conhecimento. Para tanto, argumentamos que a
pedagogia freireana faz parte de um contexto histórico configurado a partir da
emergência da consciência estruturalista e pós-estruturalista do papel do signo
na construção do conhecimento científico em oposição ao papel atribuído à
representação como duplicação ou imitação da realidade, segundo a obra
“Filosofia e Estruturalismo”, de François Wahl.
PROFESSORES POLÍTICOS EM SERGIPE: A INTERNET COMO FORMA
DE MEDIAÇÃO
FIGUEIREDO, Taís C. S. (UFS)
Esta apresentação é parte do resultado de minha pesquisa
desenvolvida no programa de Mestrado em Antropologia (UFS), em que buscou
apreender os condicionais sociais e culturais implicados no processo de
polítização de professores eleitos vereadores de Aracaju nas eleições de 2008 e
deputados estaduais e federais eleitos em Sergipe em 2010. Desta forma um dos
objetivos da pesquisa foi identificar as formas de representação adotadas por
tais políticos e a internet foi um dos recursos de análise escolhido.
Além da internet ser uma ferramenta de comunicação social e de expressão
da representação política, as novas mídias possibilitam novas formas de
envolvimento das pessoas em geral com o processo político, intensificam as
relações de poder e de identidade profissional e passam a exercer um papel
importante no armazenamento de informações e na manutenção da mediação entre os
eleitores e os políticos. Para a pesquisa foram analisados os sites dos
professores políticos e a rede social facebook, pois as duas ferramentas
eram utilizadas por todos eles.
MULHERES POLICIAIS E RELAÇÕES DE PODER: TENSÕES
COTIDIANAS NAS UNIDADES OPERACIONAIS DA POLÍCIA MILITAR DE SERGIPE
LOBATO, Élida Damasceno (UFS)
Com esta pesquisa, objetivou-se analisar o cotidiano das
mulheres policiais que atuam no serviço operacional da Polícia Militar de
Sergipe, com foco em
Aracaju. Partiu-se da premissa de que as estratégias
propostas pelas relações de forças estabelecidas elencam possíveis situações de
desrespeito e discriminação, visto que o modelo de masculinidade ainda é
predominante no cotidiano das práticas policiais. A pesquisa teve como proposta
central o estudo do trabalho realizado por mulheres policiais que estão
inseridas nas unidades operacionais, como é o caso do Batalhão de Choque,
unidade observada, analisando, portanto, as dinâmicas que emergem das relações
sociais de gênero. Nesse sentido, a problemática se deu em torno de compreender
como o cotidiano da mulher nas unidades operacionais, que são lugares
construídos de modo masculinizado em seus modelos de ação, ou seja, vistos como
redutos masculinos, se caracteriza no âmbito das relações de gênero e poder que
ali são estabelecidas, bem como as tensões dele advindas. A metodologia
utilizada se deu a partir das observações no campo, de nove entrevistas
realizadas com mulheres que atuam ou atuaram no policiamento operacional e
também por pesquisa documental. A análise permitiu mostrar que a participação
das mulheres no trabalho operacional da Polícia Militar está envolto pela
diversidade de poderes estabelecidos, pelo não reconhecimento de determinadas
ações em detrimento da manutenção do modelo de masculinidade vigente, mas também
aponta para novas formas de se fazer o policiamento. As mulheres se aliam ao
modelo já estabelecido, ampliando-os astuciosamente com outros atributos, tais
como flexibilidade e atenção, utilizando-os como táticas para superar as
dificuldades que enfrentam no exercício de sua função. Com isso aumentam a
mobilidade das ações, inovando e surpreendendo nas práticas laborais e nas
interações sociais.
PRODUÇÃO CULTURAL E MEDIAÇÃO E
DEMOCRATIZAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE OS ATORES SOCIAIS DO COLETIVO FORA DO EIXO (2005-2013)
BRASIL,
Wener da Silva (UFS)
Este trabalho tem como objetivo
principal analisar e compreender a atuação do Coletivo Fora do Eixo, entre o
período de 2005 e 2013, apontando
configurações internas aos grupos, bem como seus modelos compartilhados de
funcionamento, percebendo o papel de seus mediadores nesse processo denominam
de democratização e participação da produção cultural. Como objetivo geral
procurou-se compreender a partir de quais espaços, indivíduos e estratégias
discursivas, o Coletivo Fora do Eixo atua no debate contemporâneo brasileiro
sobre a cultura em seus diferentes segmentos. A metodologia aplicada foi
analisar os espaços virtuais como os sites e as redes sociais, o espaço
de representação oficial do coletivo, além do estudo das trajetórias sociais
dos seus coordenadores, que são indivíduos escolhidos como ocupantes de papéis
representativos deste cenário. Pretende-se aqui, analisar a atuação discursiva
e compreender as vastas ações sociais desse grupo.
GT 7 - Políticas Raciais e Educação
HISTÓRIA E
CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM SERGIPE: NOTAS SOBRE OS ANTECEDENTES DA LEI 10639 -
(1980 – 2003)
BISPO, Denise Maria de Souza (UFS)
O presente estudo apresenta os passos iniciais da
pesquisa que desenvolvo no Mestrado em História da UFS sobre as experiências
que discutem a História e Cultura afro-brasileira no espaço educacional
sergipano nos períodos de 1980
a 2003,
a partir da problematização da memória produzida em
instituições de ensino, agências, agentes sociais envolvidos no trato com os
assuntos ligados de alguma forma a articulação para a inserção dos conteúdos
desenhados na lei 10.639/03. No contexto sergipano, há algum tempo observa-se a
organização de entidades as quais culminavam com a proposta do movimento negro
no estado para valorização da cultura afro-brasileira em diferentes espaços,
desde as representações culturais ao incentivo para a inserção da história
ligada aos negros e aos índios no cotidiano escolar, com o objetivo de
desconstruir visões etnocêntricas.
POLÍTICAS
RACIAIS E EDUCAÇÃO NO BRASIL MODERNO
SILVA, Diego Lima e; TEIXEIRA, Vanuza (UFS)
As políticas raciais e a educação no Brasil apresentam
dados delicados, pois enquanto 7ª economia do mundo, o país apresenta 16,7
milhões de pessoas na extrema pobreza, sendo que 70% dos pobres no Brasil são
negros. No primeiro século após abolição, as políticas públicas raciais foram
quase inexistentes. O surgimento de programas para a equidade social foi feito
através de movimentos sociais, sobretudo o movimento negro que através de
pressões político-sociais contribuíram para o reconhecimento pelo estado
Brasileiro da existência do racismo. Apesar disso, somente a partir de 2003
começaram a ser executados diversos programas socioeducativos, tendo em vista a
equidade social. É reconhecível o esforço do governo federal para o
estreitamento do hiato no que concerne a desigualdade entre brancos e negros,
contudo existem dados alarmantes a respeito da violência. Enquanto na última
década baixou o índice de homicídios de brancos, aumentou o índice para os
negros. Portanto, é necessário um novo olhar sobre os sujeitos brasileiros e
definir o caminho para a equidade social.
FISE/FANEB DIVERSOS
OLHARES SOBRE A COMUNIDADE KARIRI-XOCÓ: DIALOGANDO SOBRE SER ÍNDIO NA
CONTEMPORANEIDADE
ALVES,
Francileide Souza e SANTOS, Elissandra Silva (SEED/SE)
O conceito de cultura é bastante discutido e vem sendo
abordado em diversas áreas. A partir do pensamento de Stuart Hall (2003), o
propósito deste trabalho foi compreender a identidade cultural indígena e quais
as mudanças mais marcantes na sociedade contemporânea. Respaldados pela
Educação Patrimonial e pela Lei 11.645/08, buscamos reconhecer a história e as
expressões culturais do grupo Kariri-Xocó, visando descobrir os significados,
as continuidades, as transformações e reutilizações das marcas culturais dessa
comunidade. O trabalho foi feito a partir da percepção da comunidade escolar
sobre o significado de ser índio. Para tal tarefa, o projeto foi dividido em
quatro partes: 1) Observação e Discussão; 2) Apresentação; 3) Sensibilização; e
4) Vivência. Desde as discussões iniciais até a culminância com visita à tribo,
foram estabelecidos diálogos que permitiram reflexão sobre a importância dos
grupos indígenas e suscitar olhar mais crítico e flexível quanto ao
entendimento da identidade indígena na atual sociedade.
A EDUCAÇÃO
ENTRE A PADRONIZAÇÃO E A DIVERSIDADE: UMA REFLEXÃO ACERCA DA LINGUAGEM E DA
ETNIA
GOMES, Jaqueline (UFS)
Numa sociedade desigual, os preconceitos são quase sempre
naturalizados e se estendem as mais diversas vertentes, inclusive aos falares.
Nesse contexto, o ensino de língua - em crise, pois já não garante o exercício
satisfatório da leitura e da escrita - pode ser um espaço de enfrentamento ou
de reprodução. Desse modo, o artigo em questão trata das problemáticas que
circundam o estado de crise no ensino de língua materna e ainda apresenta
perspectivas pedagógicas para o respeito à diferença na sala de aula. Para tanto,
parte da institucionalização da língua e da negação da cultura de grupos de
matrizes africanas antes de discutir práticas pedagógicas que se pautam na
percepção de cultura e, ainda, no processo de escrita e oralidade dos sujeitos.
A relevância desse recorte se dá numa proposta de resgate cultural e em uma
concepção de educação tecida como instrumento de emancipação cultural, social e
política de uma dada comunidade escolar. As principais referências utilizadas
na pesquisa foram os estudos sociolinguísticos de Bakhtin (1997), o enfoque
sobre a aprendizagem em Vygotsky (1987) e a concepção política de cultura em
Gramsci (1982).
POLÍTICAS
PÚBLICAS E REPRESENTAÇÕES SOBRE POVOS INDÍGENAS NOS LIVROS DIDÁTICOS:
COMPARAÇÕES ENTRE BRASIL E CANADÁ
RODRIGUES, Kléber (UFS)
Neste estudo, discutiremos a questão da diferença entre
Brasil e Canadá no que se refere à representação sobre os povos indígenas nos
manuais escolares. Pretendemos comparar Brasil e Canadá no que tange a questão
das políticas públicas para a valorização da cultura e da história dos índios,
tentando perceber também como são as imagens usadas para representar os índios
nos livros didáticos dos países citados. Apesar das importantes conquistas nos
últimos anos, as políticas públicas brasileiras para o tratamento das questões
étnicas têm sido ainda tímidas. Já o Canadá, vem sendo identificado como país
multicultural, em que as políticas públicas para a educação conseguiram
repercussões concretas no desenvolvimento de uma convivência plural. Desejamos
saber se o Canadá, conhecido por sua experiência mais extensa em
multiculturalidade, pode contribuir com o Brasil, país que caminha a passos
lentos no sentido de acolher sua própria diversidade cultural.
GT 8
- Antropologia visual: um olhar sobre as imagens em movimento.
VIOLÊNCIA PERPETRADA POR
PARCEIRO ÍNTIMO: UMA REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA DO FILME “PELOS MEUS OLHOS”.
ANDRADE, Fabiana Santos (UFS)
O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre a
violência perpetrada por parceiro íntimo, conhecida também como violência
doméstica, através de uma análise antropológica. Para apresentar um certo
número de práticas, discursos, representações e imaginários que empregam a
violência na modernidade, pretende-se utilizar a análise do filme “Pelos meus
olhos”. A escolha do tema se deve ao fato de que a violência perpetrada por
parceiro íntimo ocorre em todos os países, independentemente do grupo social,
religioso, cultural ou econômico e por ela ser representada em muitos filmes da
atualidade. Para este trabalho, serão utilizadas referências que abordam a
temática a partir de autores como Mari-France Hirigoyen, Saffioti e Sabadell,
sob a perspectiva da antropologia visual de MacDougall e Cabrera incluindo
análise do poder e dominação de Arendt e Pierre Bourdieu.
CINEMA E REPRESENTAÇÃO: ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE EM O
QUE É ISSO,
COMPANHEIRO? E BATISMO DE
SANGUE
NORONHA, Danielle Parfentieff de (UFS)
Neste artigo, analiso as representações das juventudes
que viveram durante a ditadura civil-militar (1964 – 1985) no cinema brasileiro contemporâneo, com base nos filmes
O que é isso, companheiro? (Bruno Barreto, 1997) e Batismo de Sangue (Helvécio
Ratton, 2006). O artigo expõe algumas
questões trabalhadas na minha dissertação de mestrado, a partir da discussão
entre realidade e ficção presentes nas obras cinematográficas, que pode criar,
reforçar ou modificar o imaginário sobre quem foram aqueles jovens, e ainda
atuar na construção de discursos imaginativos sobre a nação no período
ditatorial e, assim, reformular a memória social sobre o período. É possível
afirmar que cada filme traz uma visão diferente sobre quem são esses jovens,
que de alguma forma buscam atuar numa ideia de tipificação ideal de juventude
brasileira, e estão em tensão pela memória do período.
O CINEMA E OS
CONTEMPORÂNEOS 'REALITY SHOWS'
REGO, Carla Luedy (UFS)
O presente trabalho pretende discutir a relação entre o
Cinema e os registros socioculturais relacionados a questões da realidade
contemporânea, com destaque para os filmes de ficção hollywoodianos que abordam
gênero televisivo denominado "reality show", fazendo um paralelo
entre aquilo que é representado, e as associações possíveis entre estas representações
e as reverberações atuais de tal gênero televisivo na sociedade em geral. Entendendo
o filme como um registro, seja do seu momento representado ou do sujeito que o
idealiza, pretende-se discutir que tipo de leitura é realizada pelo cinema
norte-americano sobre os contemporâneos "realities shows", partindo
da percepção de que estas são capazes de engendrar uma rede de consumo diversa,
que vai desde bens materiais a modelos de condutas e concepções morais.
CORPO FEMININO E RELAÇÕES DE PODER: A QUESTÃO DO ABORTO EM
“À MARGEM DO CORPO”
VIANA, Priscila de Souza (UFS)
Este
artigo é um projeto de dissertação de mestrado em andamento, no qual procuro
analisar as tensões e ambiguidades presentes nos discursos de ordem moral,
religiosa, médica e jurídica de “defesa da vida” e as relações de poder que
permeiam a questão do aborto no documentário etnográfico “À Margem do Corpo”, da antropóloga Débora Diniz. A narrativa, que
se passa entre os anos de 1996 e 1998 no interior de Goiás, resgata a
trajetória de Deuseli, 19 anos, que engravida após sofrer estupro. Embora
amparada legalmente, ela é impedida de realizar o aborto e sua trajetória é
reconstruída por pessoas que mantiveram íntimo contato com ela – amigos,
profissionais da saúde e da área jurídica e líderes religiosos. Compreendendo o
cinema como meio e objeto de estudo antropológico, busco analisar os aspectos
semióticos e estéticos da narrativa cinematográfica para compreender os
fundamentos ético-políticos que norteiam os discursos e tensões entre laicidade
e valores religiosos, os elementos que determinam a condição de pessoa
atribuída ao feto e a concepção de corpo feminino sob o ponto de vista dos
sujeitos envolvidos nas relações de poder intrínsecas à questão do aborto.
PERFORMANCE DA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE NO
FILME PERSONA DE INGMAR BERGMAN.
BARBOZA,
Naylini Sobral (UFS)
Nesta pesquisa, realizo a análise do filme Persona (1966) do diretor sueco
Ingmar Bergman, para compreender as performances de construção das
identidades de suas personagens. Apoiando-me na teoria da Antropologia da
Performance, entendo como Bergman elabora as mudanças ocorridas entre suas
personagens com o convívio contínuo entre elas, através de suas performances em
cena, onde o drama é desenvolvido. O foco desta pesquisa são as performances,
eventos narrativos em que as identidades se constroem, possibilitando a
transição e a reconfiguração social dos indivíduos. A performance das
personagens do filme Persona, seguindo as análises dos ritos e narrativas,
caracteriza-se como potencial de transformação do indivíduo pelas crises e
conflitos vivenciados e pela reflexividade intensa do processo.
TIRESIA: CINEMA, CORPO, EMOÇÕES E OS SENTIDOS DA
DEFICIÊNCIA
CORREIA, Luiz Gustavo Pereira de Souza (UFS)
Nesta
comunicação discuto Tiresia, filme do diretor francês Bertrand Bonello, focando
as relações de poder em torno do corpo e das emoções. A análise é direcionada
às representações sobre a cegueira, a deficiência e o discurso biomédico e as
relações entre corpo, deficiência e gênero. Tiresia é uma transexual brasileira
que se prostitui na França e que sofre um sequestro. Mantida amarrada, é ferida
nos olhos e largada pelo seu sequestrador ao perder as características físicas
femininas. Ao ter sua saúde restabelecida, passa a prestar consultas se utilizando
da sua vidência recém-conquistada e a ser alvo de preces e procissões. A partir
dessa narrativa fílmica, busco analisar a deficiência como uma retórica
histórico-social, como conceito relacionado à autoridade e ao poder instituído
do discurso biomédico, e como a imagem da alteridade deficiente vincula-se a
representações naturalizadas e reproduzidas sócio-culturalmente sobre corpos
“abjetos” “disfuncionais” ou “desviantes”.
COMUNIDADE
FILÚ PASSADO, PRESENTE E FUTURO, NUMA
PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA
SILVA, Sandreana de Melo (UFS)
Contextualizarei
através do filme Filú em Lutar e Viver, o meu campo de pesquisa: a comunidade
remanescente quilombola Filú, localizada no município de Santana do
Mundaú-Alagoas, que vive da agricultura de subsistência como milho, feijão,
mandioca e a banana prata sua principal fonte comercial; outra renda, está relacionada a aposentadoria dos mais
velhos e a bolsa escola, recebida por algumas crianças. Meu objetivo de
pesquisa tem como base o auto índice de albinismo, doença genética, existente na
comunidade. Guiando-me pela hipótese de
que a principal causa está relacionada ao elevado número de casamento
endogâmico, que se perpetua há várias décadas no grupo. Sendo
o matrimônio parental também
consequência de um longo período
de exclusão social e racial, e não apenas uma escolha interna, mas pela
inexistência de interação social entre a comunidade e seus vizinhos; conforme o discurso dos próprios moradores
existia certa rejeição com a comunidade.
O INDÍGENA ENQUANTO SUJEITO DA PRODUÇÃO
CINEMATOLÓGICA NO BRASIL
OLIVEIRA,
José de, NUNES, Kaliane Nunes, ISIDORO, Renato (OPI SM)
Com base nos Estudos Culturais, apresentamos reflexões
comparativas em torno de três eixos acerca da relação entre o indígena e o
cinema no Brasil: a) as reflexões introdutórias dos Estudos Culturais; b) os
resultados do projeto Cineastas Indígenas; c) nossa experiência junto a jovens
da etnia Sateré-Mawé da região do Baixo Rio Amazonas. Abordando esses três
eixos é necessário demarcar que o primeiro caso não implica imediatamente um
cinema indígena, mas sim uma crítica sobre o cinema tradicional não-indígena
sobre o índio, a qual pode fundamentar produções cinematográficas propriamente
indígenas; enquanto que os dois outros casos tratam de experiências em torno do
cinema indígena produzido por indígenas com o intuito de fazer brotar e motivar
críticas dirigida às sociedades Nacional e Globalizada, enquanto extensões do
colonialismo europeu e do imperialismo norte-americano no Brasil.