Por Priscilla Araujo Guarino Silveira
Clifford James Geertz nasceu no dia 23 de agosto de 1926 na cidade estadunidense de São Francisco e morreu no dia 30 de outubro na Filadélfia. Ele foi um grande antropólogo, professor da Universidade de Princeton em Nova Jérsei e autor de importantes obras que ainda hoje contribuem para os estudos das ciências sociais. Dentre elas destacam-se: O Saber Local, Obras e Vidas, Nova Luz Sobre a Antropologia e A Interpretação das Culturas.
O livro A Interpretação das culturas é um tratado de teoria cultural desenvolvido através de análises concretas. Ele é constituído de cinco partes e tem em seu primeiro capítulo uma critica de Geertz ao uso desenfreado do conceito de cultura, pois, para o antropólogo o uso “desmedido” desse conceito confunde mais aos estudiosos, do que os esclarece em suas pesquisas. Assim, para o autor, esse conceito de cultura é essencialmente semiótico, pois ela não serve a uma ciência experimental regida por leis, mas, serve a uma ciência interpretativa em busca de significados e conclusões. Desta forma, a cultura não simboliza um poder sobre os quais possam ser atribuídos casualmente os comportamentos, os acontecimentos sociais, as instituições e os processos, o que de fato ela simboliza é um contexto na qual todos estes elementos estão inseridos.
Depois de analisar o uso do conceito de cultura, Geertz prossegue neste capítulo descrevendo qual é o objeto da antropologia e o que é a descrição densa. Deste modo, para o autor, o objeto antropológico é uma hierarquia de estruturas significantes e superpostas que permitem distinguir um comportamento espontâneo como um tique nervoso de suas imitações e de seus ensaios de imitações, através da observação e da interpretação do comportamento ocorrido. Já a descrição densa é analisada por Geertz como parte integrante do objeto antropológico, pois, distingue um tique nervoso de uma simples piscadela, por ser ela formada de dados significantes, cuja densidade exige interpretações. E essa descrição densa possui características peculiares, pois, além de ser microscópica, ela interpreta o fluxo do discurso social para salvar e transformar tudo o que fora dito em registros pesquisáveis, de modo que ele não se extinga.
Clifford Geertz ainda nesse capítulo, explica ao leitor o que significa à luz da antropologia a escrita fixa. Segundo ele, tudo aquilo que é falado num discurso é carregado de significados e do mesmo modo que a descrição densa exige que se compreenda o que fora dito e que se interprete o acontecimento, assim também o é a escrita fixa. Por isso, os textos antropológicos são considerados interpretações, porém, interpretações de segunda e terceira mão, pois, só é considerada de primeira mão a interpretação feita pelos interlocutores do diálogo original, já que a sua cultura está inserida no discurso. Assim, para o autor, a interpretação de um discurso seguida de sua escrita fixa faz parte do conhecimento antropológico e a cada pesquisa, é importante aprofundar a busca pelas particularidades e as condições de entendimento das culturas localizadas, diferentemente do que sugeria Levi- Strauss que propunha interpretar o conhecimento antropológico através da unidade psíquica do pensamento.
O autor conclui sua analise dizendo que ao olharmos as dimensões simbólicas dos comportamentos e ações sociais (arte, moralidade, religião, lei, ideologia, senso comum e etc.), não devemos afastar os nossos dilemas existenciais da vida em favor de algum domínio empírico de forma não emocionalizada, mas, que devemos mergulhar no meio delas. Sendo assim, a vocação essencial da antropologia não é responder as nossas questões mais profundas, mas colocar a nossa disposição as respostas que outros deram e assim incluí-las no registro de consultas para que estes posteriormente venham a ser pesquisados.
Por fim, esse primeiro capítulo apesar de toda sua “densidade” é muito importante para aqueles que são amantes das ciências sociais. Pois, para que possamos ampliar nosso conhecimento antropológico é necessário que leiamos e entendamos a analise que Geertz faz sobre o uso do conceito de cultura, o objeto antropológico, descrição densa e a escrita fixa.
Bibliografia:
GEERTZ, Clifford James. A Interpretação da Cultura. In: Uma Descrição Densa: Por uma Teoria Interpretativa da Cultura. Rio de Janeiro: Zahar Editoriais, 1978, PP 13-41.
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quarta-feira, 21 de julho de 2010
terça-feira, 1 de junho de 2010
terça-feira, 24 de junho de 2008
Entrevista com Lévi-Strauss
Entrevista com Lévi-Strauss, por Eduardo Viveiros de Castro, publicada na Revista Mana,
MANA 4(2):105-106, 1998. Leia aqui.
MANA 4(2):105-106, 1998. Leia aqui.
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