Daniela Nogueira Amaral
Danielle Parfentieff de Noronha
Tânia Carolina Viana de Oliveira
No texto Juventude
e Visualidade no mundo contemporâneo: uma reflexão em torno da imagem nas
culturas juvenis, Ricardo Campos demonstra a importância de pensar os
estudos das juventudes em termos visuais, a fim de perceber como a imagem e a
cultura visual contemporânea participam na construção da juventude. Como
problemática central questiona: “como pensar a juventude em termos visuais?”. Segundo
o autor, diferentes imagens e imaginários “tendem a fornecer coordenadas para a
forma como a sociedade representa os jovens (e este se representam)” (p.113). A
imagem carrega um poder que possibilita a identificação entre esses jovens.
Para o autor, o
critério etário não é suficiente para determinar a categoria juventude. E
também não devemos pensar em juventude, mas em juventudes, que se dispersam
pelo espaço geográfico e social e enfrentam problemas e possibilidades muito
distintas e, desta forma, assumem configurações peculiares.
Através de mecanismos
visuais a juventude demonstra representações e identidades, que de acordo com o
autor, são conceitos que permitem investigar eventuais conexões entre os
circuitos de produção, difusão e consumo. O exotismo visual de alguns grupos, denominadas
subculturas, são elementos-chave na decodificação desses grupos e na
possibilidade de perceber a diferença existente entre eles.
Outras práticas ligadas
ao estudo da juventude, diz respeito aos estudos da mass media e sua influencia na construção dessa categoria. Através
dos espaços midiáticos e da publicidade, televisão e cinema, o jovem pode ser
representado e determinar certo estilo de vida. Como demonstra o autor, a
representação visual de alguém, grupo ou comunidade interfere na forma como
esse alguém se representa e se apresenta visualmente, “e, portanto, naquilo que
poderíamos definir como a sua identidade visível ou visual” (p. 119). Dentre as
formas como as juventudes são representadas, há uma representação socialmente
forjada. Em certos momentos, a juventude é modelo e, em outros, antimodelo –
que serão determinadas pelas questões históricas e contextuais. Também se
tornou uma categoria com elevado valor comercial e simbólico, que é reinventada
conforme a ideologia e o comércio do momento.
O autor salienta o
crescimento e a importância no campo dos estudos visuais para pensar a
negociação e determinação dos estilos de vida e identidades do ser jovem e
dessa maneira compreender algumas práticas culturais. A identidade em
elaboração está em constante negociação, quando estão em jogo variadas
possibilidades de apresentação e representação. A partir dos sistemas de
simbolização visual é possível perceber as manifestações dos grupos
identitários. É através dos discursos reproduzidos sobre eles mesmos e sobre os
outros que podemos entender os processos de identidade juvenis.
Campos destaca que a
utilização, pelos jovens, dos recursos visuais fazem com que eles tenham
ferramentas para produzirem algo relacionado à suas realidades. Como ele mesmo
destaca “a visualidade é, assim, cada vez mais uma arena de prospecção criativa
de afirmação de competências sociais, culturais e simbólicas que, tantas vezes,
é desconhecida ou censurada pelo universo adulto” (p. 120).
[i] Resenha de CAMPOS, Ricardo. Juventude e visualidade no mundo
contemporâneo: uma reflexão em torno da imagem nas culturas juvenis. In.
Sociologia, Problemas e Práticas, nº63, Lisboa, 2010, p.113-137.
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