Franklin
Timóteo Souza do Espírito Santo
Jefferson Dantas Santos
Para esclarecimento temporal e analítico não existe
um conceito de subcultura, e logo, esse passara, mesmo sem uma definição
concebida, por diversas modificações ao longo do tempo, sendo amplamente
discutido a partir das perspectivas dos Estudos Culturaisdo CCCS — Centre for
Contemporary Cultural Studies — da Escola de Birmingham no final dos anos 70,
nunca tendo perdido suas relações entre cultura, comunidade, massas e sociedade
como “estilos de vida”. As subculturas acabam adquirindo essa característica de
alteridade. O atributo definidor das ‘subculturas’, então, reside na maneira
como a ênfase é colocada na distinção entre um grupo cultural - social
particular - e uma cultura. A ênfase é na variação de uma coletividade maior
que é invariavelmente, mas não sem problemas, posicionada como normal, mediana
e dominante. Subculturas, em outras palavras, são condenadas a desfrutarem uma
consciência da ‘alteridade’ ou diferença (GELDER e THORNTON, 1997).
Com a materialização
dos Estudos Culturais e, concomitantemente, seus quadros analíticos favoráveis
para investigações sociais, o papel da significação passa abranger valores
culturais e políticos. Dentre tantas
possibilidades, a cultura passa a ser a mediadora de canais comunicativos
possibilitando trabalhos mais consistentes epistemologicamente. Nesse processe
onde se vê a “institucionalização” das produções culturais, seja essa artística
ou intelectual, é circunscrita uma análise “moral” das tensões e distinções de
aceitação e pertencimento de valores, probabilizando imposições e
subjetividades acerca desse “eu”, sujeito” e o (re) conhecimento de seus
processos de socialização.
Logo,
inserindo-nos dentro das diversas análises sobre estudos que contemplem
objeções à juventude, observa-se que assim como explana Campos (2010), a
juventude vem ocupando um lugar significativo nas produções acadêmicas, nos
discursos políticos e nos conteúdos midiáticos. Entretanto, salienta-se na visão do autor que
o crescimento que a esfera visual-midiática assumiu em registros teóricos é
explicada a partir da resistência simbólica das distinções de classe. O
“exotismo visual” e agregador de imagens desses grupos (mods,
skinheads, teds, rastas, etc) os enquadra coletivamente, sendo
tais aferições identificadas como elementos chave para decodificação de
dinâmicas conflituaise distinções entre os próprios grupos.
A
percepção desses mecanismos de representação como ações coletivas das quais as
comunidades e grupos sociais outorgam sentidos ao mundo está intimamente ligada
ao discurso; à sistemas de linguagens. Assim, a juventude enquanto signo com
elevado valor comercial e simbólico é permanentemente reinventada ao saber das
lógicas comerciais, tendências estéticas e ideológicas do momento (Campos, 2010).
As culturas juvenis parecem singularmente vocacionadas para ensaiarem “novos
idiomas” mais apropriados a uma condição contemporânea vivida no imediatismo e
na efemeridade; formatos expressivos e mais criativos; móveis e lúdicos – em
ruptura com as instituições formais. O corpo, a cidade, passam a ser entendidos
para Campos (2010) como espaços de autonomia e reivindicação revelando telas
expressivas de vontades, e não devemos assim, ignorar os muitos atos
estratégicos dessas energéticas produções culturais.
Mas
como perceber o que assenta essas produções culturais? É possível formular um
quadro analítico acerca das relações fluidas entre aspectos de pertencimento da
juventude, como: música, juventudes e novos estilos?Bennett (1999) propôs o
conceito de “neo-tribalismo” para interpretar as novas tendências significadas
a partir do pós-guerra, caracterizados pela amostragem em termos e estilos
musicais(Ex: rock progressivo e bhangra).
As subculturas eram vistas como o desmembramento de tradições comunitárias a
partir de práticas coletivas a partir do resultado do desenvolvimento urbano da
década de 1950. A função que engendra a
subcultura, mesmo que “mágica”, tenta resolver as contradições ocultas e não
resolvidas nas esferas sociais ocidentais.
No que se entende entre as
considerações de Bennet (1999) as subculturas formam partes de uma contínua
luta da classe trabalhadora contra as circunstâncias socioeconômicasde sua
existência, e como resistência plena , tais subculturas expressam-se de
maneiras distintas e instantâneas. Uma
análise expressiva que enquadraria os “estilos de vida” permite que esse, seja
um “jogo livremente escolhido” e não deve ser confundido como um “modo de
vida”tipicamente associado a uma comunidade. O conceito de estilo de vida enviesa-se a
partir do princípio que tais participantes passaram frequentemente um processo
seletivo de um “estilo de vida”independentemente de uma classe social
específica ou de valores ideológicos que caracterizem valores tradicionais.
A
partir de tal premissa, os grupos que tradicionalmente veem sendo
caracterizados como representantes de uma subcultura de coerência relevante,
passam a ser melhores compreendidos a partir de uma série de encontrostemporais
caracterizadas por fronteiras fluídas e associações flutuantes. Como exemplo,
Bannet (1999) traduz acepções sobre os estilos musicais, entendo que esses, que
se caracterizam pela misturais de “sons” e “visuais”são exemplificados pelo
ecletismo essencial do pós-guerra. A cultura jovem, portantonos obriga a buscar
uma (re) visãodas nossas formas de compreensão do mundo e de como os jovens
tem, tipicamente,a relação com gostos; estilos musicais, associações coletivas
e novos discursos.
Parao
que compreende o pensamento de Hebdige
(1979) até a década de 1920 não existira análises metodológicas acerca da subcultura.
A grande quebra de paradigmas acontece com a observação participante que trouxe
para o entendimento e fomentação de tal conceito descrições mais interessantes
e sugestivas para a subcultura. Assim, as subculturas para Hebdige (1979) são
geográficas e biográficas, poisse transmitem através de diversos “canais” como
a escola, a família; os meios de comunicação. As subculturas representam um caminho
simbólico à ordem simbólica, pois seu surgimento vem acompanhado por grande
influência dos meios de comunicação de massa.
O
que traria a visibilidade às subculturas para Hebdige (1979) são as inovações estilísticas. Com
essa ampliação, a subcultura pode transforma-se comercialmente à medida que
seus idiomas “visuais” e “verbais” tornam-se mais familiares. A convenção desses “signos culturais” (Foucault,
2007) como roupas e músicas, por exemplo,passam a nomenclaturara conduta dos
grupos à ordem coercitiva e judicial, sendo esses,
acusados analiticamente como desviantes de valores “normais” da sociedade.
Referências
BENNETT,
Andy. Subcultures or
Neo-Tribes?Rethinking the Relationship between Youth, Style and Musical Taste.Sociology1999 33: 599.(British
SociologicalAssociation).
CAMPOS, Ricardo. Juventude e visualidade no mundo
contemporâneo. Uma reflexão em torno da imagem nas culturas juvenis. SOCIOLOGIA,
PROBLEMAS E PRÁTICAS, n.º 63, Lisboa, 2010, pp. 113-137.Connecticut:
WesleyanUniversity Press, 1996.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das
ciências humanas. Tradução: Salma TannusMuchail – 9ª ed. – São Paulo:
Martins Fontes, 2007. (Coleção Tópicos).
GELDER, Ken, THORNTON, Sarah (ed.). The subcultures
reader. London: routledge, 1997.
HEBDIGE, Dick (1979). Subcultura.
El significado del estilo. Barcelona: Paidós, 2004.
THORNTON, Sarah. Club cultures.Music, media and
subcultural capital.
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