GEERTZ,
Clifford; RIBEIRO, Vera (Trad.). A
situação atual. In: Nova luz sobre a
antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
Daniela Moura Bezerra Silva (PPGS/UFS)
No capítulo cinco da obra Nova Luz sobre a antropologia, Clifford Geertz
(2001) se propõe a discutir a situação atual da antropologia, o que faz ao
retomar algumas das questões que surgem com a própria delimitação desse campo
de estudos e ao analisar os caminhos que esta vem a seguir no decorrer dos
anos.
Inicialmente, o autor nos lembra que
a antropologia foi formada como uma espécie de coletânea de outras disciplinas,
um fator que contribui para preservá-la como uma área descentrada. Esse,
contudo, não configura seu único problema, existe uma dificuldade ainda maior, a
que chamou de “desaparecimento do objeto” (P.88). “Os ‘primitivos’, mesmo dos
tipos que celebrizou Boas, Mead, Malinowisky e Evans-Pritchard, são um
patrimônio meio desgastado” (GEERTZ, 2001. 89). O que Geertz quer dizer é que não
podemos mais falar de uma única temática de trabalho, não há pesquisa isolada.
Citando o trabalho de Sahlins sobre
os havaianos no século XVIII, Geertz apresenta uma importante reflexão a respeito
da condução de nossas análises de campo. Para ele, falar sobre aquilo que não
foi dito seria o mesmo que teorizar sobre a consciência do outro, o que nos
leva aos seguintes questionamentos: “Como entender as práticas culturais que
nos são estranhas e ilógicas? Quão estranhas são elas? Quão ilógicas? Em que
reside a razão, precisamente?”(GEERTZ, 2001; 99). A partir da exposição de autores e correntes, a
preocupação do autor é chamar a atenção para uma discussão moral sobre o
trabalho do antropólogo.
No ultimo tópico do capítulo, Geertz
(2001) faz críticas a determinadas posturas das Ciências Sociais – e da ciência
de modo geral – uma delas ele chama de
universais. “A maioria dos
universais é tão geral que não tem força ou interesse intelectual, é uma
banalidade a qual faltam minuciosamente ou surpresa, ou exatidão ou revelação,
e que, portanto, tem pouquíssima serventia” (p.125). Para ele, buscar o caráter
universal das coisas acaba por deixar de lado o que é realmente produtivo. Ele chega a mesma conclusão no que diz
respeito as generalizações, para o autor, precisamos considerar que trabalhamos
com probabilidades, ou seja, uma tese formulada a partir do estudo de uma
determinada sociedade que pode não ser aplicada a outra – esta outra é capaz,
inclusive, demonstrar uma postura completamente distinta.
Notamos, portanto, que Geertz apresenta
como preocupação não criar modelos fechados e arbitrários de análise, além
disso, o autor faz críticas duras a antropologia e seus rumos que por vezes não
percebe o quanto obsoleto determinados termos e posturas se tornaram.