por Mayara Oliveira de Jesus
O livro
em questão é fruto das reflexões do autor durante um programa de pesquisa
produzido por ele no fim da década de 90. Essa obra é muito importante por
trazer conceito de raça ao debate, apresentando não só a ideia de raça
entendida pelo senso comum como também sobre como surgiram diferentes conceitos
ao longo do tempo e entre vários estudiosos no Brasil.
Guimarães
organizou a obra em três partes distintas: 1) aborda os conceitos e teorias
sobre o que seria raça e racismo; 2) traz a crítica analítica dos estudos
realizados no Brasil entre as décadas de 40 e 70 sobre relações raciais; 3)
apresenta reflexões sobre políticas públicas. Porém, é importante destacar que
a discussão da qual tratarei aqui está pautada no prefácio e no primeiro
capítulo da obra.
Em seu
prefácio, Guimarães aponta raça como um conceito social de classificação que
serve para legitimar as desigualdades nos âmbitos sociais, culturais de maneira
a serem recebidas/entendidas de forma naturalizada. Sendo assim, o racismo para
Guimarães, se encontra presente de modo implícito na ideia de natureza geral
que irá determinar os aspectos socioculturais e individuais entre as diferentes
relações sociais. Ou seja, o autor defende a ideia de que o racismo está ligado
a uma estrutura estamental que naturaliza e legitima as desigualdades sociais.
Partindo
dessas afirmações, Guimarães critica os estudos que atribuem à ideia de raça um
caráter mais biológico e fenotípico, isso por entender que o conceito de raça
tem que ser analisado através das ciências sociais, se afastando de
argumentações genéticas e naturais. A noção está no âmbito das classificações
sociais e, portanto, o autor define que os conceitos de raça e de racismo devem
ser vistos como realidades sociais e não biológicas ou naturais.
Um
ponto importante ressaltado pelo autor é o cuidado que se deve tomar quanto ao
caráter generalizante, atribuído ás relações sociais (gênero, classe, entre
outras). Ele defende a ideia que existem peculiaridades nas teorias e critérios
para a distinção de cada contexto de relação. Desse modo, Guimarães acredita
que só é possível entender o racismo de modo mais específico se ele for
analisado a partir de seus aspectos históricos particulares, em contextos
espaciais e temporais específicos.
Enfim, a
partir de tal discussão pode-se constatar que as hierarquias sociais presentes
nas diversas relações sociais estão sustentadas por um discurso de ordem
natural que se legitimam através de teorias da natureza (biológica, genética e
etc). Assim sendo, para Guimarães, o processo de naturalização está presente nas
distintas formas de hierarquias sociais como um traço fundamental nas relações
de dominação.
2 comentários:
Muito bom o comentario
E qual tipo de fonte trata o livro?
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