HALL.
Stuart.Para Allon White- Métaforas de Transformação. In.: Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
Anabela Maurício de Santana
Luciano Rodrigues dos Santos
O capítulo ora mencionado tem o objetivo de
tecer algumas explanações sobre uma obra publicada nos anos 80 por dois
estudiosos da teoria de Bakhtin, trabalhando com considerações como dialogismo
e carnavalização, que são Allon Whit e Peter Stallybrass.
A obra trata da perseverança do mapeamento
dos domínios cultural e social na Europa em conjuntos simbólicos do tipo alto e
baixo e ao mesmo tempo, vislumbra o processo de violação do popular, através da
carnavalização. Assim, Hall fala da aproximação do pensamento de Bakthin e os
Estudos Culturais.
Não obstante, o carnaval é a metáfora da
suspensão e inversão temporária e sancionada da ordem, visto que o baixo se
torna alto e o alto, baixo. O estudo de Rabelais proporcionou que Bakhtin passe
a “considerar a existência do popular como um domínio e uma estética totalmente
alternativos”. Logo, Bakhtin “utiliza o “carnaval” para sinalizar todas as
formas, tropos e efeitos nos quais as categorias simbólicas de hierarquia e
valor são invertidas”. Nesse sentido, Hall menciona que o “popular” de Bakhtin
é caracterizado pelas práticas e tropos da “combinação dos contrários”, a
saber, a noiva “chorando de rir e rindo até chorar”, isto é, as “duplicidades”
da linguagem, as coisas invertidas ou às avessas. Todavia, o surpreendente e
original a respeito do “carnavalesco” enquanto metáfora da transformação
cultural e simbólica é que esta não é simplesmente uma metáfora de inversão que
possibilita colocar o “baixo” no lugar do “alto”, preservando a estrutura
binária de divisão entre os mesmos, pois no carnal deste autor o baixo invade o
alto, ofuscando a imposição da ordem hierárquica, revelando a interdependência
do baixo com o alto e vice-versa, a natureza mista e ambivalente de toda vida
cultural.
Sendo assim, Stuart Hall sugere uma forma de
refletirmos as modificações, considerando as relações entre os domínios social
e simbólico, visto que as metáforas clássicas ligavam-se ao “momento
revolucionário”. Outrossim, essas metáforas concebem o social, o simbólico ou o
cultural como se fossem costurados um ao outro e quando as hierarquias sociais
são demolidas, a qualquer momento uma inversão dos valores e símbolos culturais
tem que acontecer. Isso posto, cabe salientar que existem diversos tipos de
metáforas pelas quais refletimos a alteração cultural, cujas metáforas também
tendem a mudar, assim aquelas que se apoderam de nossa imaginação e administram
durante um dado momento os nossos pensamentos acerca das probabilidades da
alteração cultural por conseguinte cedem lugar às novas metáforas conforme
expressa.
Os autores apresentam como proposta meio
para que as metáforas alternativas venham surgir como possibilidade de acordo
efetivo, isto é, faz-se necessário levar em conta que existe um relacionamento
estreito entre o social e o simbólico, arraigado de poder e, por conseguinte
esse jogo de poder se faz presente, no
entanto, não são os fatos políticos ou históricos que detêm em si o poder, mas
o modo como a população os concebe.
Desata forma, ao longo do capítulo o
autor expressa que a questão do cânone deve ser considerada como paradigma,
isto é, mesmo que se deseje desconstruir a arquitetura ideológica da
modernidade, ainda é necessário refletir a partir do que já está posto. Logo,
alguns conceitos como o de ambivalência, hibridismo e interdependência passam a
perturbar e infringir a estabilidade do ordenamento hierárquico binário do
campo cultural alto e baixo.
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